Economia
Entidades do setor produtivo divergem sobre grau de redução dos juros
CNI elogia queda, mas CUT e Força Sindical cobram cortes maiores
Foto: Marcelo Casal Jr./Agência Brasil - Especial DP - Corte de 0,5 ponto percentual nos juros básicos foi recebido de maneira distinta
O corte de 0,5 ponto percentual nos juros básicos foi recebido de maneira distinta pelas entidades do setor produtivo. A indústria considera adequado o ritmo de redução, mas as centrais sindicais cobram cortes maiores e consideram que a política monetária ainda está restritiva.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) foi adequada. A entidade ressalta que a expectativa de cortes nas próximas reuniões ajudará a reduzir pressões negativas sobre a economia.
“A redução da Selic é necessária, não compromete o processo de combate à inflação e evita mais restrições à atividade industrial”, afirmou em nota o presidente da CNI, Robson Andrade.
Ele afirmou ser necessário reverter o quadro negativo de concessão de crédito às empresas, que caiu 5% nos sete primeiros meses do ano na comparação com o mesmo período do ano passado.
Em nota divulgada à imprensa, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) avalia que “a contínua redução nos preços correntes tem contribuído para a diminuição das expectativas inflacionárias. Em especial, a dinâmica mais benigna da inflação de serviços tem desempenhado um papel importante nesse processo. Além disso, a desaceleração do mercado de trabalho é um elemento que torna mais evidente o ritmo mais lento da economia, já projetado para este segundo semestre”. A entidade defende ainda a aprovação das reformas tributária e administrativa para melhorar o ambiente de negócios e estimular o crescimento econômico.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também considerou positiva a redução da Selic, mas pede cortes maiores. Para a entidade, os juros básicos em 12,75% ao ano travam a economia. A central destacou que os movimentos sociais continuam com a campanha #JurosBaixosJá para que os juros alcancem um nível que gere emprego e renda.
“Essa mudança de rumo [do Banco Central] é positiva, mas, como sociedade civil organizada, como trabalhadores e trabalhadoras, precisamos manter a pressão. Se puxarmos o histórico, veremos que as decisões do Copom são sempre baseadas no mercado e não nos interesses da população e do desenvolvimento do país. Essa inflexão, portanto, é fruto dessa clareza que a população vem ganhando sobre a obrigação dessa entidade nos rumos da economia do país”, avaliou a presidenta da Contraf-CUT e vice-presidenta da CUT Nacional, Juvandia Moreira.
A Força Sindical lamentou a decisão do BC, considerando extremamente tímida a queda de apenas 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros. “Entendemos que com esta queda conta-gotas, o Banco Central perdeu uma ótima oportunidade de fazer uma drástica redução na taxa de básica de juros, que poderia funcionar como um estímulo para a criação de empregos e para o aumento da produção no país. Infelizmente, a taxa, que agora é de 12,75% ainda inibe o consumo e trava o crédito”, ressaltou a entidade.
Fecomércio gaúcha se manifesta
O presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, sobre a decisão do Copom em reduzir a taxa Selic para 12,75% a.a., para matérias que repercutam o assunto: "A decisão do Cïpom seguiu em linha com o esperado. Na reunião anterior, o Copom já havia manifestado que, mantendo-se o cenário, era intenção do comitê preservar o ritmo de redução da taxa Selic nas reuniões posteriores. A inflação de agosto veio abaixo das expectativas, mostrando que há espaço para uma taxa Selic menor. Mesmo assim, é evidente que a taxa de juros real na economia brasileira permanece em território bastante contracionista. Como temos apontado publicamente, as atividades que são mais sensíveis à dinâmica dos juros, como é o caso do comércio e da indústria, têm sentido fortemente os impactos da política monetária apertada aplicada. No entanto, também sabemos que os condicionantes para uma taxa de juros mais baixa se constroem, em especial, a partir de um cenário fiscal equilibrado, estabelecido principalmente sobre uma dinâmica sustentável das despesas públicas e de outras reformas que enderecem aumento da produtividade da economia brasileira no médio e longo prazo".
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